quinta-feira, 4 de agosto de 2011

CRITICA - CISNE NEGRO

Cisne Negro

Olá pessoas, hoje comentarei a respeito de um filme que me chamou muuuuito a atenção, eu sinceramente nunca havia visto filme com tanta informação e riqueza de detalhes, tanto que me deixou muito perturbado, não por ser complexo, mas por revelar um mundo que eu desconhecia e alçar uma atriz ao posto de rainha dos cisnes e do Oscar: Cisne Negro (Black Swan).



Passado em Nova York, Cisne Negro é bem mais do que um thriller psicológico, sendo na verdade um retrato perturbador do universo de Nina (Natalie Portman, na melhor atuação de sua ótima carreira). Bailarina profissional há vários anos, a jovem ganha a chance de assumir o posto de maior nome da companhia com a aposentadoria (forçada) de Beth (Winona Ryder).Junto com a responsabilidade de carregar nas costas o nome da companhia, Nina também tem que lidar com a inveja das outras bailarinas, com a rigidez do diretor artístico Thomas (Vincent Cassel) e com a presença superprotetora da mãe (Barbara Hershey, brilhante). Tudo isso causará uma forte pressão na protagonista, que passa a ter algumas alucinações.

Barbara Hershey


A situação ainda fica pior com a chegada de Lily (Mila Kunis), uma bailarina vinda de São Francisco que rapidamente chama a atenção na companhia e desponta como principal ameaça à Nina. Uma ex-bailarina que não alcançou a fama, a mãe de Nina fez de tudo para que esta siga seus passos. Por outro lado, parece não lidar bem com o fato de a filha obter destaque na profissão em que fracassou.


O diretor Darren Aronofsky retrata o mundo do balé de modo a não deixar sua produção cair em qualquer gênero, ou seja, por mais que Cisne Negro dê muito destaque ao balé não se trata de um filme para mulheres. O tal cisne negro do título é uma referência a uma das personagens de "O Lago dos Cisnes", balé do russo Tchaikovsky que é recriado pela companhia no longa. Nina tem a honra/responsabilidade de dar vida à Rainha Cisne, interpretando tanto o cisne branco quanto o negro. As seqüencias de balé, em especial as do espetáculo, são absolutamente deslumbrantes. A cena da dança do cisne negro quase no final do filme tem tudo para ficar marcada como um dos mais belos momentos do cinema. Curiosidade: Portman e seu real coreógrafo começaram um relacionamento durante os ensaios para o filme e hoje estão noivos. O casal já teve seu primeiro filho.


Cisne Negro já deixa claro, na sua sombria e poderosa seqüência inicial, que se trata de uma história perturbadora. O reflexo do rosto de Nina no vidro do metrô, os closes dos pés maltratados pela dança, suas terríveis alucinações, sua angústia... Tudo faz de Cisne Negro um exemplar de terror psicológico de muita qualidade, dirigido com competência e povoado por personagens densos e inquietantes, com destaque para Natalie Portman, que se entrega física e emocionalmente ao personagem, de tal forma que nos oferece uma sensação incomodamente intensa de que Nina é real.


E por falar em Portman, a recente oscarizada era a favorita ao prêmio desde o primeiro ensaio de balé, o qual dizem os críticos, foi uma preparação intensa para poder compor o personagem com maestria, o que conseguiu, nos presenteando com uma das melhores personagens de todos os tempos, com isso, é difícil mensurar o grau de genialidade de Natalie Portman ao compor uma personagem tão rica em detalhes. Premiada pelo papel no último Oscar (27/02), Portman realmente entregou-se à interpretação de Nina. Perdeu peso, aprendeu a dançar e tem cenas de sexo mais ousadas do que o público norte-americano está acostumado a ver em seus "filmes de Oscar".


Trazendo a câmera como testemunha da transformação de Nina em um cisne negro - e não mais a perfeita bailarina da ciranda – o diretor é extraordinário, fazendo do balé algo não apenas interessante, mas também brutal. Com raras exceções, o filme se passa basicamente à noite, o que colabora na criação de um clima tenso. A abordagem de Aronofsky não fica restrita ao mundo competitivo do balé e às conseqüências nefastas de um ambiente competitivo. O subtexto explora questões a respeito dos conflitos psicológicos, devido a novas atitudes, e feitos que contrariem princípios e valores até então invioláveis. Nina recebe uma educação conservadora e é tratada como criança pela mãe.


Um quarto com bichos de pelúcia e caixinha musical que executa o tema de Lago dos Cisnes ilustram seu habitat. A ruptura desse modelo de comportamento culturalmente enraizado é traumático, doloroso. As dores físicas, nesse processo, são mostradas com realismo, em planos detalhes em unhas quebradas, peles arrancadas do dedo e manchas na pele. O mundo de conto de fadas precisa desaparecer, ser substituído. Quando o delírio da personagem funde-se com realidade, os registros são cinematograficamente perfeitos. A seqüência na qual Nina tranca-se no quarto após discutir asperamente com a mãe é uma das provas do brilhantismo da direção de Aronofsky.


A trilha sonora é um dos destaques da produção, o que já era de se esperar tendo em vista que utiliza sem medo a obra de Tchaikovsky. A presença do compositor russo na obra é tão forte que a trilha original acaba tendo como a função principal construir um clima de suspense. Black Swan (no original) conta com uma ótima edição, que dita o ritmo do filme com brilhantismo ao investir em cenas que em tese seriam apenas de passagem de tempo - como o momento em que Nina acorda, prepara a sapatilha ou coisas do tipo. Tudo é importante no filme, que ainda tem o mérito de não se alongar de forma excessiva. São apenas 108 minutos de duração.


Brincando com a idéia do canto do cisne branco, o filme é imperdível. Além de trazer um diretor e uma atriz no auge de suas formas, a produção merece destaque pela forma apaixonada e nada desinteressante com o qual trata o balé, fazendo-o atrativo para todos os públicos. O longa é completo por si, chegando a uma perfeição estética assustadora e sensível ao mesmo tempo. Aronofsky acertou em todos os detalhes da produção, principalmente no elenco, que dança durante toda a projeção. Além de Portman, o bom desempenho de Vincent Cassel, Barbara Hershey e principalmente de Mila Kunis completam o delírio.



Cisne Negro é um espetáculo inigualável e causa sensações variadas, saindo do lugar comum sem ir muito longe. Brincando com a idéia do canto do cisne branco, o filme é imperdível. Além de trazer um diretor e uma atriz no auge de sua forma, a produção merece destaque pela forma apaixonada e nada desinteressante com o qual aborda o balé, fazendo-o atrativo para todos os públicos. A propósito, os créditos finais começam ao som de fervorosos aplausos. Nada mais que apropriado de se ouvir ao término de uma obra como esta.


RECOMENDO: Santuário (perfeito visualmente como Avatar e com uma história verídica de tirar o fôlego para complementar), O Vencedor (melhor equipe de atores já formado em um mesmo filme, sendo também completo em todos os sentidos tanto técnicos quanto emocionais, principalmente), Bruna Surfistinha (juntando a sempre talentosíssima Drica Moraes com a atriz Deborah Secco na sua melhor atuação temos um filme que polemiza, mas diverte) e Esposa de Mentirinha (até que enfim Adam Sandler consegue trazer Jennifer Aniston para fazer par romântico com ele nessa boa comédia que conta inclusive com a participação de Nicole Kidman).


NÃO RECOMENDO: Caça às Bruxas (Nich Cage com uma cabeleira loira e comprida defendendo a igreja de bruxas e demônios??? Só poderia resultar em um dos piores filmes do ano).


Thiago Souza

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