terça-feira, 26 de julho de 2011

RETROSPECTIVA MARISTELA



Banco do Brasil
apresenta

Retrospectiva Maristela

Mostra de cinema apresenta 16 filmes praticamente inéditos, alguns em película, realizados pela Companhia Cinematográfica Maristela entre 1951 e 1958.

Que o cinema brasileiro está em alta novamente, ninguém duvida. Mas ainda existem preciosos filmes realizados na década de 1950 que continuam praticamente inéditos para o grande público. É o caso das produções da Companhia Cinematográfica Maristela, que fez história no país e na cinematografia nacional. Para resgatar essa memória, o Centro Cultural Banco do Brasil apresenta a Retrospectiva Maristela, uma mostra integral do estúdio que tem como objetivo rediscutir o papel do estúdio no cinema industrial paulista e viabilizar, de forma inédita, a visão completa de todas as produções dessa empresa.

Realizada no CCBB do Rio de Janeiro (02 a 14/8) e simultaneamente na unidade de São Paulo (03 a 14/8), seguida de Brasília (16 a 28/08), a Retrospectiva Maristela oferecerá ao público a redescoberta de comédias, dramas e filmes de ação. Trata-se de um conjunto de 16 filmes praticamente inéditos para as atuais gerações, alguns exibidos em película, numa programação VARIADA, como: “Meu Destino é Pecar”, PRIMEIRA adaptação para o cinema de uma obra de Nelson Rodrigues (quando assinava por pseudônimo de Suzana Flag), a primeira adaptação do livro “Presença de Anita” e que depois virou minissérie da TV Globo com Mel Lisboa, e “O comprador de fazendas”, PRIMEIRA adaptação de um conto de Monteiro Lobato para o cinema.

O espectador terá, ainda, a oportunidade de ver na telona a única vez em que Procópio Ferreira e Jaime Costa trabalharam juntos num filme (“Quem Matou Anabela?”) e o violento e emocionante “Mãos Sangrentas” baseado num fato real: a rebelião no presídio da Ilha de Anchieta, em São Paulo, com a matança de guardas e a fuga dos presos para o continente. Muito tempo antes de se falar em globalização, este longa metragem foi dirigido por um cineasta argentino e estrelado por um ator mexicano (o famoso Arturo de Córdova), com Tônia Carrero no papel de uma prostituta.

A HISTÓRIA DO ESTÚDIO MARISTELA
Maristela era o nome de uma fazenda da família Audrá no interior de São Paulo. A partir daí, muitas empresas criadas por eles levavam esse nome, como Transportes Maristela e Cinematográfica Maristela. No caso do estúdio de cinema, foi uma iniciativa do filho caçula, Mário Audrá Junior, que tinha menos de 30 anos e sonhava em ser um produtor de cinema naqueles anos em que o neo-realismo italiano seduzia as plateias em todo o mundo. Trabalho e família se misturaram ainda mais quando Mário Audrá Júnior – ou Marinho, como era chamado – conheceu, se apaixonou e se casou com a célebre bailarina espanhola Ana Esmeralda, que veio a estrelar um dos filmes que produziu na Maristela, “Quem matou Anabela?”.

Numa época em que isso não era comum no Brasil, a Companhia Cinematográfica Maristela realizou várias co-produções com outros países e distribuiu seus filmes para Europa, Ásia e América Latina. Sua visão de mercado focava em gêneros para todos os gostos: comédia, drama, aventura e suspense. As comédias têm censura livre e são estreladas por grandes astros do teatro da época, como Procópio Ferreira e Jaime Costa, tendo participações de astros do rádio como o músico Luiz Gonzaga e o célebre sambista paulista Adoniran Barbosa. Alguns dos filmes são mais ousados para os padrões da época, pois insinuam traição e adultério (não à toa a presença de Nelson Rodrigues), mas sem nudez ou cenas de sexo que chocariam as plateias da época.

Por um tempo o estúdio foi visto como “cópia” da famosa Vera Cruz (produtora de “O Cangaceiro”, premiado em Cannes), mas era um projeto mais equilibrado, ficando entre o mero entretenimento e o conteúdo social e político, entre o luxuoso e o independente, apresentando, portanto, uma visão mais complexa do cinema e do Brasil dos anos 1950.

ALBERTO CAVALCANTI, GETÚLIO VARGAS E OUTRAS PERSONALIDADES.
Na Maristela o diretor brasileiro Alberto Cavalcanti – que havia alcançado prestígio no cinema francês e inglês – dirigiu seu primeiro filme nacional, a comédia política “Simão, o Caolho”. Durante um breve tempo, a Maristela esteve sob outra direção (tendo mudado seu nome para Kinofilmes), período no qual Cavalcanti dirigiu a ousada comédia de costumes “Mulher de Verdade” e o drama social “O Canto do Mar”, filmado no nordeste e que já abordava o drama da seca e do retirante anos antes do Cinema Novo.

Logo após o suicídio de Getúlio Vargas, a Maristela lançou um documentário feito com imagens de arquivo - quando isso era algo pouco comum - sobre o presidente querido pelo povo. Entretanto, por razões políticas, o filme foi boicotado pelos exibidores na época. O documentário será exibido na mostra e é um documento precioso sobre a história política brasileira, apesar de praticamente desconhecido mesmo dos nossos historiadores.

Muitas outras figuras conhecidas passaram pelos estúdios da Maristela, entre eles grandes nomes do teatro como Procópio Ferreira, Jaime Costa, Henriette Morineau, Nydia Lícia e Eugenio Kusnet; atores que teriam longas carreiras no cinema e TV como Ruth de Souza, Lola Brah, Tonia Carrero, Anselmo Duarte, Odete Lara e Carlos Zara; músicos célebres como Adoniran Barbosa e Luiz Gonzaga; vedetes assanhadas como Virgínia Lane; humoristas populares como Walter D’Ávila, Mesquitinha, Chocolate e Pagano Sobrinho; além de celebridades em participações especiais, como o jogador de futebol Leônidas da Silva, o “Diamante Negro”. Ou seja, a Retrospectiva Maristela oferece um verdadeiro desfile de estrelas.

PRESERVAÇÃO AUDIOVISUAL
O papel da mostra RETROSPECTIVA MARISTELA é ainda mais valioso ao viabilizar especialmente para o evento a feitura de 06 (seis) cópias novas de filmes que não são exibidos há vários anos pela ausência de matérias em condições de projeção. Desse modo, a mostra irá exibir em exclusividade cópias novas em 35 mm dos seis filmes abaixo:

CÓPIA NOVA EM PELÍCULA:
1 – ARARA VERMELHA
2 – O CINEMA NACIONAL EM MARCHA (curta-metragem)
3 - PRESENÇA DE ANITA
4 - SUSANA E O PRESIDENTE
5 – VOU TE CONTÁ
6 – GETÚLIO, GLÓRIA E DRAMA DE UM POVO

Além da exibição de filmes, a mostra contempla debates com professores e estudiosos, um catálogo exclusivo com um texto escrito especialmente para o evento e ilustrado por mais de cinquenta fotos inéditas (do acervo particular da Maristela), e a exibição de cada filme pelo menos duas vezes. Para potencializar ainda mais o processo de democratização cultural, o acesso aos filmes da Mostra se dará a partir do Cine-Passe, um programa de incentivo, válido por 30 dias. Por ser uma instituição cultural de um dos mais populares bancos do país, o CCBB oferece, ainda, aos clientes do Banco do Brasil, a vantagem da meia-entrada, a partir da apresentação do cartão bancário na bilheteria.

Serviço:
Retrospectiva Maristela
Centro Cultural Banco do Brasil - Cinema I
CCBB Rio de Janeiro – Rua 1º de Março, 66 – Centro
02 a 14 de agosto
CINEPASSE
R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia-entrada). Credencial que dá direito a ver todas as sessões da mostra (mediante retirada de senha 30 minutos antes de cada sessão e sujeito à lotação).

Assessoria de Imprensa:
Ilustre Comunicação – cinemaristela@gmail.com ou 8626-6690 Pedro Freire

Assessoria de imprensa CCBB Rio de Janeiro - Sueli Voltarelli
(21) 3808-2323 ou svoltarelli@bb.com.br


SINOPSES:
Presença de Anita (Rugero Jacobi, 1950).
Estrelando as atrizes Antoinette Morineau (filha) e Henriette Morineau (mãe), é um drama psicológico baseado no mesmo livro de Mário Donato que também foi adaptado posteriormente na minissérie da Rede Globo, com Mel Lisboa.

Susana e o Presidente (Rugero Jacobi, 1950).
Comédia romântica cuja trama gira ao redor de moças que trabalham fora de casa numa época em que isso ainda era algo pouco frequente. O filme ainda traz imagens raríssimas do jogador da seleção brasileira de futebol e inventor da “bicicleta”, Leonidas da Silva, o diamante negro.

Meu destino é pecar (Manuel Pelufo, 1951).
Primeira adaptação para o cinema de uma obra do dramaturgo Nelson Rodrigues, esse filme leva às telas o folhetim em que ele assinava com o pseudônimo Suzana Flag. O filme foi uma co-produção internacional com o México, sendo dirigido por um diretor mexicano.

O Comprador de fazendas (Alberto Pieralisi, 1951)
Adaptação de um conto de Monteiro Lobato que traz como protagonista o grande astro Procópio Ferreira. A música da trilha-sonora foi composta pelo rei do baião, Luiz Gonzaga, que a interpreta no filme.

Simão, o caolho (Alberto Cavalcanti, 1952).
Primeiro filme dirigido no Brasil pelo grande diretor Alberto Cavalcanti, o único brasileiro que possuía renome no cinema internacional por sua participação nos movimentos do cinema poético francês e no documentarismo inglês. Trata-se de uma comédia de costumes misturada com sátira política que se tornou um clássico do cinema brasileiro. Estrelado pelo grande cômico Mesquitinha.

Mãos sangrentas (Carlos Hugo Christensen, 1955)
Co-produção com Argentina e México dirigido pelo argentino Carlos Hugo Christensen, que realizou outros importantes filmes no país. Trata-se da dramatização da fuga real de detentos do presídio da Ilha de Anchieta, ao largo de Ubatuba. O filme provocou grande impacto por seu realismo e violência, sendo exibido no prestigiado Festival de Veneza. No elenco, a atriz Tônia Carreiro no auge de sua beleza.

Quem matou Anabela? (Didier Hamza, 1956)
Em uma trama no estilo dos romances de Agatha Christie, um policial tenta desvendar a morte da belíssima Anabela interrogando os diversos moradores de uma pensão. O filme estrela a atriz e dançarina Ana Esmeralda, que desempenha diferentes versões para a personagem principal. Esse longa-metragem também marca o único encontro nas telas entre os astros Procópio Ferreira e Jaime Costa.

Pensão de Dona Stela (Alfredo Palácios, Ference Fekete, 1956)
Comédia musical baseada em peça de grande sucesso que se revela uma verdadeira e deliciosa chanchada paulista. Ao invés do samba de compositores cariocas, destacam-se as composições do mestre Adoniran Barbosa, que atua também como ator.

Getúlio, glória e drama de um povo (Mário Audrá Jr., 1956)
Documentário que se utiliza de imagens de arquivo para contar a trajetória pessoal e política de Getúlio Vargas pouco após o seu trágico suicídio. Valioso documento histórico que revela o fascínio provocado pelo “pai dos pobres” e que esse filme retratou em seu auge.

Arara vermelha (Tom Payne, 1957)
Baseado em romance de José Mauro Vasconcelos, é um drama violento e realista em que fugitivos lutam pela posse de uma pedra preciosa. Filmado em locações reais em aldeias indígenas, o longa-metragem traz no elenco os astros Anselmo Duarte e Odete Lara.

Casei-me com um xavante (Alfredo Palácios, 1957).
Homem branco sobrevive a acidente aéreo no Alto Xingu e acaba indo viver junto aos índios. Uma expedição vai resgatá-lo, resultando em cenas divertidas e muitas risadas. O futuro diretor Luis Sérgio Person colaborou no roteiro e participa como ator.

Vou te contá (Alfredo Palácios, 1958)
Comédia popular realizada no último ano de vida da Maristela que conta com a presença do músico Chocolate. A história se passa numa boate muito original, dando origem a cenas hilariantes e obviamente a muitas músicas. Filme essencial para o estudo da "chanchada paulista".

O canto do mar (dir. Alberto Cavalcanti, 1953)
No litoral nordestino, que acolhe migrantes do sertão à espera de viagem para o Sul, o drama de uma família em desestruturação devido a problemas financeiros e psicológicos motivados pela miséria.

Mulher de verdade (dir. Alberto Cavalcanti, 1954)
Uma enfermeira se passa por solteira quando na verdade leva uma vida dupla e é casada com dois homens, um pobre e outro rico. No elenco o comediante Cole.

O Cinema Nacional em Marcha (dir. Jacques Deheinzelin, 1951)
Documentário que retrata uma visita aos estúdios da Cinematográfica Maristela, desvendando para o público os mistérios que envolvem a realização de um filme. São mostrados os equipamentos de fotografia e som, os depósitos de negativos, a produção dos cenários, os sets de filmagens, os camarins e salas de maquiagens, até os escritórios e a sala de projeção.

Ana (dir. Alex Viany, 1955)
Escrito por Jorge Amado, o filme trata da migração de retirantes nordestinos e a exploração a que eles estão sujeitos através de história de Ana, que viaja num pau-de-arara em busca de uma vida melhor.

Eventos especiais
Exibição de cópia nova do curta-metragem Cinema Nacional em Marcha (1952), documentário sobre a construção dos estúdios Maristela.
O cenário pretendido seria o de 14 sessões Maristela em cada cidade (Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília)

DEBATES
1 – Os gêneros no cinema brasileiro: melodrama e aventura
(6 de agosto).
Mariana Baltar (professora UFF)
Rafael de Luna Freire (curador)
Mediação: João Luiz Vieira (professora UFF).

2 – O cinema brasileiro industrial e independente dos anos 1950
(10 de agosto)
Afrânio Mendes Catani (professor USP e autor de livro sobre a Maristela)
Luís Alberto Rocha Melo (professor UFJF)
Mediação: Rafael de Luna Freire (curador)

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