quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

CRITICA - A REDE SOCIAL

A Rede Social


Olá pessoal, aqui estou eu novamente depois de um longo período afastado dos meus comentários. Dessa vez escrevo sobre o filme que do meu ponto de vista revolucionará o Oscar 2011: A Rede Social.


Eduardo (Andrew Garfield), Dustin (Joseph Mazzello), Mark (Jesse Eisenberg) e Billy (Bryan Barter)

Há alguns meses surgia no mundo virtual a notícia de que estava em pré-produção um filme sobre o Facebook. Não por surpresa, o projeto foi encarado com certa desconfiança por boa parte dos admiradores do bom Cinema. Felizmente, a maioria estava errada. A Rede Social é uma obra profunda em todas as suas camadas. Analisar o filme como “a história da criação do Facebook” é preguiçoso e injusto. Uma realização sólida, extremamente bem executada e muito bem sustentada pelos seus pilares. E, como uma das frases de divulgação do filme diz muito bem, quem tem 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos? É bem por aí: A Rede Social, de David Fincher, badalado filme sobre a história de como os criadores do Facebook foram sugados pela 'criatura', é uma trama onde mocinhos e vilões se confundem, assim como amigos viram inimigos ao menor deslize.

Sean Parker (Justin Timberlake)



Explico: aquilo que era um projeto vingativo de um nerd que foi chutado pela namorada se tornou uma das maiores e mais populares redes sociais do mundo. Claro que tudo que envolve dinheiro acaba gerando desavenças, e o filme mostra, sem tomar partido de quem é o mocinho ou o vilão da história, que tudo tem seu preço, até os amigos.

Mark (Jesse Eisenberg)


No longa cabe a Jesse Eisenberg viver o nerd genial Mark Zuckerberg, que em 2003 criou o Facebook na Universidade de Harvard, nos EUA. O modo como ele tem a idéia fantástica é um tanto quanto nebuloso: ele foi chutado pela namorada e, como vingança, espalha um programa pela rede da faculdade, além de detonar a ex em seu blog. Com fama de mau, Mark acaba sendo procurado por três veteranos de Harvard para fazer a programação de um site de relacionamentos para os alunos. Dali para ele ter a brilhante idéia de criar o Facebook é um pulo - e ele conta com o amigo Eduardo Saverin (Andrew Garfield, o queridinho dos EUA da vez) para injetar grana no projeto.

Eduardo



Paralelamente a apresentação da sua genialidade e conforme a película vai se desenvolvendo, há a inserção de cenas dos dois julgamentos pelos quais Zuckerberg respondeu, principalmente, por traição: a primeira, pelos gêmeos Winklevoss, juntamente com o amigo de ambos, Nerendra, que reinvidicavam a autoria do Facebook. No segundo julgamento, Mark é réu de seu próprio ex-melhor amigo, o brasileiro Eduardo Saverin, que reivindica a parte no site que lhe pertence. Após essa divisão na linearidade do roteiro há, então, três tempos. Em nenhum momento o desenvolvimento da obra é comprometido. Ao contrário, apenas acrescenta ainda mais profundidade ao tornar o personagem ambíguo, passando-o de herói a anti-herói na cena seguinte.

Eduardo e equipe criando o Facebook



Para a composição das personagens que constroem este universo, um elenco de atores não tão conhecidos do grande público (pelo menos por enquanto). A dupla criadora do site de relacionamento, Jesse Einsenberg (que faz o papel de Mark Zuckerberg) e Andrew Garfield (Eduardo Saverin) transbordam a urgência e vivacidade dos jovens que são, em uma naturalidade digna de prêmios. A curiosa participação de Justin Timberlake, como o neurótico e frustrado – porém genial – Sean Parker acaba por se tornar uma surpresa positiva. Sincronizando com a qualidade dos atores, Arnie Hamer (fazendo os gêmeos Tyler e Cameron Winklevoss) e Max Minghella (Divya Nerendra) encarnam os rivais de tribunal do protagonista em um nível, no mínimo, excelente.

Christy (Brenda Lee)


Para finalizar, o pilar central: David Fincher. Um diretor que dispensa apresentações e já entregou grandes exemplares da Sétima Arte. Não é exagero afirmar que em A Rede Social Fincher realiza um de seus maiores feitos. Em um filme de tantas escolhas acertadas, onde várias particularidades e excelência compõem um todo, somente um mestre teria a sensibilidade de gerenciar todos os elementos sem perder controle e equilíbrio necessário.


Erica (Rooney Mara)



Apesar do tema atual, A Rede Social tinha tudo para ser um filme chato e maçante, mas não é. Pelo contrário. A história é envolvente e explica com clareza o passo-a-passo da criação do Facebook e todas as tramóias em torno dele, mas sem, jamais, ser tendencioso ou chato. Com um bom roteiro em mãos, David Fincher faz gato e sapato na direção, mostrando mais uma vez que é um diretor cheio de possibilidades. Ele dá ritmo a uma trama que tinha tudo para ser monótona, e mantém a atenção do espectador do começo ao fim, além de arrancar ótimas atuações de seu elenco.

Mark e Sean



Por tudo isso, A Rede Social é o filme que marca muito bem o que vivemos no mundo de hoje: podemos fazer amigos facilmente, e inimigos mais facilmente ainda. E idéias todo mundo tem, o que fazer com elas é a grande questão. Se minha avó visse o filme diria 'dinheiro não traz felicidade', e analisando em especial os minutos finais, parece isso mesmo. Mas, vamos combinar ser bilionário com menos de 30 anos não é para qualquer um. No final das contas A Rede Social apenas reafirma o que já sabemos: uns custam mais, outros custam menos, mas tudo na vida tem seu preço.



Se 2010 já se encerrou, pode-se então afirmar que A Rede Social foi o melhor filme do ano, quiçá, dá década. E “o filme sobre o Facebook” corre o risco de ser lembrado como “o filme de uma geração”.
OBS: Este surpreendente filme é meu candidato favorito para levar a estatueta dourada no dia 27/02.




RECOMENDO: Amor e Outras Drogas (o filme é bom por ter ótimos atores e por não ser só mais uma comédia romântica), O Turista (Depp está como sempre maravilhoso e Jolie apesar de anoréxica, continua muito sexy), Enrolados (a magia da Disney continua encantadora e o camaleão é o astro desta animação), Entrando Numa Fria Maior Ainda Com a Família (para quem acompanha esta série de filmes, o bolo ainda tem recheio) e Desenrola (filme nacional feito de jovens para jovens, ótimas abordagens e linguagens).
NÃO RECOMENDO: As Viagens de Gulliver (Jack Black já foi melhor e esta adaptação fez os autores da história original se revirar no túmulo) e Zé Colméia (filme moderno com piadas antigas, nem as crianças se divertem).


Thiago Souza

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