quinta-feira, 30 de setembro de 2010

MORRE TONY CURTIS


Tony Curtis

WASHINGTON, 30 Set 2010 (AFP) -O ator Tony Curtis, mais conhecido por seu papel de músico travestido de mulher na comédia "Quanto mais quente, melhor", morreu na noite de quarta-feira aos 85 anos de idade em sua casa perto de Las Vegas, vítima de uma crise cardíaca, informou o dr. Michael Murphy, médico legista do condado de Clark, em Nevada (oeste).

A notícia, que foi confirmada mais cedo pela filha do ator, Jamie Lee Curtis, ao programa "Entertainment Tonight", levou vários fãs de Curtis a colocar flores sobre sua estrela na Calçada da Fama.

O ator, que padecia de obstrução pulmonar crônica, havia sido hospitalizado em julho depois de um ataque de asma.

Curtis foi indicado para um Oscar por sua atuação em "Acorrentados", com Sidney Poitier, mas seu papel mais marcante foi ao lado Marilyn Monroe no clássico de Billy Wilder "Quanto mais quente, melhor", onde seu personagem precisa se disfarçar de mulher para fugir de mafiosos.

A vida de Curtis parece ter saído de um roteiro de Hollywood: filho de imigrantes judeus húngaros pobres, nascido e criado no Bronx, acabou virando um dos maiores galãs dos anos 50 e 60, alegando ter dormindo com mais de mil mulheres.

Bernard Schwartz, seu nome de batismo, será lembrado por papéis românticos cômicos e jamais mereceu a devida aclamação da crítica, apesar de todo seu sucesso de público.

Curtis recebeu sua única indicação a um Oscar por "Acorrentados" (1958), no qual ele interpreta um prisioneiro que passa a maior parte da história algemado a seu companheiro de prisão, vivido por Sidney Poitier.

Curtis insistiu que seu companheiro de cena recebesse o mesmo pagamento que ele pelo filme, uma verdadeira revolução racial para a época.

Logo ele se tornou um megastar e, a exemplo de ídolos como Elvis Presley, ditou moda, com muita gente querendo imitar seu corte de cabelo.


Curtis nasceu em 3 de junho de 1925 e cresceu nos fundos da alfaiataria com que seu pai tentava manter a família. Eles eram tão pobres que ele e seu irmão Julius tiveram que passar algum tempo num orfanato.

Em sua autobiografia de 2008, "American Prince: A Memoir" (Príncipe americano: uma memória, em tradução livre), Curtis falou abertamente sobre a infância pobre e os abusos que sofreu nas mãos da mãe, que foi diagnosticada com esquizofrenia.

Em 1938, Julius morreu depois de ser atropelado por um caminhão. Outra tragédia em sua vida aconteceu anos depois quando seu filho, Nicholas, morreu de overdose de heroína aos 23 anos.

Curtis se alistou aos 16 anos nos fuzileiros navais e foi tripulante de um submarino, testemunhando em primeira mão a rendição japonesa na Baía de Tóquio, em 1945.

Depois de ser dispensado com honras, Curtis se inscreveu num curso de interpretação e começou a fazer peças até ser descoberto pelo produtor David Selznick.

Adotando o nome artístico de Tony Curtis, conseguiu seu primeiro grande papel num faroeste de ação de 1950, "Serra Sangrenta".

Fez os mais variados filmes, geralmente como galã, e voltou a contracenar com Jack Lemmon, seu companheiro de cena em "Quanto mais quente, melhor", na comédia "A corrida do século", dirigida por Blake Edwards (1965).

Curtis em foto recente

Em 2008, numa entrevista à AFP, Curtis falou de sua ascensão ao estrelato em Hollywood, marcada pelo sexo e a decadência que se seguiu ao mergulhar no mundo das drogas.

"Acho que não fiz os filmes que deveria ter feito", comentou Curtis, admitindo ter recusado papeis que acabaram sendo aceitos por seus colegas Marlon Brando e Paul Newman.

"Sinto que merecia mais do que a indústria me deu".

Mesmo assim, recebeu elogios da crítica por sua atuação em "O homem que odiava as mulheres" (1968). Também participou do épico "Spartacus" (1960), que marcou época e teve uma cena de conotação homossexual cortada do filme e revelada apenas anos mais tarde.

Em sua entrevista, também admitiu ser viciado em sexo.

"Minha principal necessidade era ser aceito pelas pessoas. Não ter educação, não ter dinheiro, nada, exceto ser aceito por uma garota", completou.

Depois de três anos de namoro com uma jovem Marilyn Monroe, Curtis casou seis vezes e posteriormente adotou uma postura de franqueza a respeito de como seus erros destruíram cinco casamentos e arruinaram a relação com seus filhos.

Curtis, Janet Leigh e Jamie Lee Curtis (a direita)

A primeira esposa de Curtis foi Janet Leigh, que ficou famosa na cena do chuveiro do clássico "Psicose", de Alfred Hitchcock.

"Por um tempo, fomos o casal de ouro de Hollywood", recordou anos mais tarde.

"Fui muito dedicado e devotado a Janet, mas aos olhos dela essa condição dourada se esgotou. Compreendi que tudo que eu era não era suficiente para Janet. Isso me machucou muito e partiu meu coração".

Afastado por muitos anos da filha do casal, Jamie Lee Curtis, superou seu drama com sua sexta esposa, Jill, que se casou com o ator em 1998 quando ele tinha 73 anos e ela era uma loura voluptuosa de 30 anos.

Passou um período difícil durante os anos 70, quando engordou e perdeu muito do glamour. Tentou se recuperar fazendo uma série de TV, "Persuaders", que não chegou a fazer muito sucesso.

Veterano de mais 120 filmes, Curtis também tocava flauta e era pintor, cujo trabalho pode ser conhecido numa das coleções do Museu de Arte Moderna de Nova York.

Fonte: Agencia France Press

Nenhum comentário:

Postar um comentário