terça-feira, 22 de junho de 2010

CRITICA : FURIA DE TITÃS

Furia de Titãs

Perseu


Os Deuses no Olimpo

Io e Perseu

E aí pessoal estão gostando das críticas? Então, aqui estou eu novamente para comentar sobre uma refilmagem de 1981: Fúria de Titãs. Mas como, infelizmente, eu (e acredito que muita gente por aí) ainda não era nascido e já que hoje estamos num período atual de tecnologias, efeitos especiais e o famoso 3-D, nunca tive a oportunidade de assistir a primeira versão, portanto mostrarei as minhas impressões levando em conta apenas este filme.
A refilmagem de Fúria de Titãs se aproveitou da tecnologia 3D para reunir elementos da mitologia grega a fantásticos efeitos especiais. Guerra entre deuses e humanos (com direito a lutas contra escorpiões gigantes), Zeus, Hades, Perseu, Medusa... Perfeito, não? Para o público sim, mas para a crítica em geral não. O falatório por todo o mundo foi de que um longa-metragem não pode se sustentar apenas em efeitos especiais, mas se é um filme de ação, vocês querem o quê?!
Acharam também que o roteiro e as atuações foram fracos e que o resumo do filme é a velha luta entre o bem e o mal. Claro, que eles não deixam de estar certos em parte, mas esse filme é para todas as idades e levando em consideração isso todo mundo quer ver um filme de encher os olhos, né?! E é isso que ele é (deixando de lado as críticas negativas) é um filmaço!!!!!!!!
A trama é a seguinte: Quando os humanos declaram guerra aos deuses, por estarem insatisfeitos com suas vidas na Terra, o Olimpo resolve contra atacar. Hades (Ralph Fiennes, irreconhecível), irmão de Zeus (o sempre competente Liam Neeson), deixa o mundo subterrâneo para dar um jeito nos insolentes e ingratos seres humanos. Ou eles sacrificam a Princesa Andrômeda (a bela Alexa Davalos), ou, no próximo eclipse solar, o imbatível monstro Kraken será libertado. Perseus (o queridinho de Hollywood: Sam Worthington, de Avatar), um semideus em busca de vingança, é o único capaz de descobrir um modo de derrotá-lo.
Visualmente, o novo Fúria de Titãs, de Louis Leterrier (de O Incrível Huck), compensa o tempo perdido esperando por diálogos que nunca aparecem. As imagens, criadas com computação gráfica e cenários grandiosos, são empolgantes. Criaturas fabulosas como harpias e escorpiões gigantes fazem o abre-alas para o maior monstro já visto nas telonas, o Kraken (mesmo nome do monstro de Piratas do Caribe). Todas têm peso e presença, as batalhas contra elas são frenéticas, bem coreografadas e equilibradas com uma situação cômica aqui e ali. Enfim, a receita do sucesso dos filmes recentes de aventura/ação
No entanto, o longa padece de problemas sérios de roteiro. Apesar de não se apressar em jogar Perseu e seu bando na busca pela única arma conhecida capaz de fazer frente ao Kraken, nenhum personagem é suficientemente desenvolvido. Dessa forma, como todo o texto se apóia sobre a idéia de sacrifício, fica difícil lamentar o destino de Andrômeda, afinal, ela teve apenas uma cena para ser apresentada. "Matem-na e salvem Argos (a cidade) de uma vez..." é a impressão que predomina. E, tentando dar ao gênero alguma novidade e mulheres fortes, os roteiristas deslocam o interesse romântico de Perseu para Io (Gemma Arterton, de Píncipe da Pérsia), humana amaldiçoada com a imortalidade, que age como guia do guerreiro em sua jornada. Io surge sem aviso, convence Perseu de sua divindade rapidamente e é aceita pelo grupo sem questionamentos.
Não ajuda também o fato de mais da metade do elenco estar péssimo. Worthington tem aqui seu pior papel desde que despontou em Exterminador do Futuro: A Salvação. Careteiro, insosso... só consegue empolgar quando brada frases de efeito, como "não olhem nos olhos da vadia". Ele é acompanhado em sua mediocridade por Arterton (olhos lacrimejantes o tempo todo) e todos os demais. Aos sempre competentes Neeson e Ralph Fiennes (se não fossem os olhos ninguém o reconheceria) restam um ou outro diálogo caricato e a certeza que Leterrier não fez o menor esforço em fazê-los trabalhar como sabem, prova de que é impossível não se lembrar dos Cavaleiros do Zodíaco nas vestimentas dos deuses e em toda a áurea do Olimpo; os demais deuses são meros figurantes
Mas, enquanto o Perseu adolescente de Percy Jackson se transforma num sujeito mais convencido de sua natureza endeusada, quando descobre ser filho de Poseidon (no filme), o Perseu do novo Fúria de Titãs renega ainda mais sua paternidade. Ele tem um papel social a exercer nessa sociedade envolvida diretamente com os deuses, mas o personagem de Sam Worthington se comporta como um adolescente moderno ao tentar resolver tudo com as próprias mãos, ou seja, sem a ajuda dos deuses. Não aceita os presentes enviados por Zeus (uma espada e o cavalo Pégasus, que, nessa versão, é um garanhão negro) e não perde a chance de dizer que vai resolver o problema “como um homem”, mas demora em perceber a fatalidade de seu destino. Ele não tem um botão que desligue suas habilidades. Não é à toa que é o único capaz de decepar a cabeça da Medusa.
No filme também não há Titãs nenhum. Entretanto, uma menção: o Kraken teria dizimado os Titãs em batalha. Nenhuma referência histórica ou mitológica, basicamente um elemento para aumentar o medo da criatura com a qual Perseu não chega a lutar, afinal, apenas a cabeça da Medusa faz o trabalho. Além da mulher serpente, o herói enfrenta escorpiões gigantes em batalhas num deserto e encontra até mesmo Gênios, em mais uma versão sombria e mística dessa figura mitológica (cujo rosto lembra, e muito, um mini-Optimus Prime).
Com ótimos valores de produção e personagens instigantes, o novo Fúria de Titãs poderia ser um clássico instantâneo. Mas o descaso de Leterrier, com a direção de atores, e o roteiro fraquíssimo, reduziram o filme a uma bela sucessão de quebra-paus. Ao menos isso o diretor sabe fazer com estilo. Falta carisma a Perseu, falta relevância no roteiro, falta um inimigo verdadeiro. Hades é imortal e o monstro do Cloverfield: Kraken tem destino certo. Além de ser um vexame para a tecnologia 3-D, pois segundo foi noticiado, o filme foi transformado para esse formato poucos meses antes da estréia.
Ainda não foi desta vez que os Deuses da Mitologia Grega, foram tratados dignamente pela sétima arte, mas para quem teve que aturar as infantilidades de Percy Jackson, esse Fúria de Titãs vale o preço do ingresso.

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