quarta-feira, 31 de março de 2010

MORRE DICK GIORDANO

Dick Giordano

Arte-finalisando Neal Adams

Na equipe de revista Lanterna Verde e Arqueiro Verde

Desenhando a capa da revista Liga da Justiça

O editor, desenhista e arte-finalista Dick Giordano faleceu em 27 de março de 2010, em Ormond Beach (na Flórida), nos Estados Unidos, aos 77 anos. Ele estava hospitalizado em virtude de uma leucemia e morreu de complicações resultantes de uma pneumonia.
A notícia da morte de Giordano foi divulgada por seu amigo de longa data Bob Layton, numa carta enviada a várias pessoas ligadas à indústria dos quadrinhos estadunidenses.
Caros amigos e colegas, É minha dolorosa tarefa informar que o lendário artista, editor e empreendedor Dick Giordano faleceu no dia de hoje. Poucos podem ter a esperança de algum dia alcançar o mesmo sucesso que ele obteve na profissão escolhida, ou distinguir-se mantendo o bom humor, a compaixão por seus colegas e o amor inabalável por esta forma de arte. Sua visão única mudou para sempre a indústria dos quadrinhos e todos aqueles que atuam nesta área continuam a compartilhar os benefícios de sua enorme contribuição. Eu tive a honra de chamá-lo de parceiro de negócios, mentor e grande amigo durante a maior parte de minha vida. Nós não veremos outros como ele. Pesarosamente, Bob Layton.
Richard Joseph "Dick" Giordano nasceu em 20 de julho de 1932, em Manhattan, em Nova York, nos Estados Unidos. Sua carreira nos quadrinhos começou em 1951, trabalhando no estúdio de Jerry Iger, desenhando Shenna para a editora Fiction House. Suas maiores influências na época eram Stan Drake, Alex Raymond e Hal Foster.
Em 1952, passou a trabalhar como free-lance para a Charlton Comics. Em 1965, Giordano já era o editor-chefe da Charlton e, em 1966, foi o grande responsável pela criação da linha de super-heróis da casa, com personagens como Questão, Pacificador, Judô Máster e Pete Cannon (Thunderbolt).
O Capitão Átomo, criado em 1960, também foi revigorado nessa linha. O mesmo ocorreu com o Besouro Azul, que ganhou uma nova versão (Ted Kord) e foi ilustrado por Steve Ditko, que havia saído da Marvel Comics devido a um desentendimento relativo ao Homem-Aranha.
Anos depois, quando Giordano estava trabalhando na DC Comics, ele foi o responsável pela aquisição dos personagens da Charlton. Esse grupo de heróis quase foi utilizado por Alan Moore e Dave Gibbons, na série Watchmen.
Os personagens de Watchmen foram baseados nos heróis da Charlton.
A relação mais direta de Dick Giordano com a DC Comics começa em 1967, quando ele foi contratado por Carmine Infantino, como editor. Dois anos depois, em 1969, Giordano ganhou o prêmio Alley de melhor editor.
Essa primeira fase de Giordano com a DC Comics durou até 1971, quando ele saiu da editora do Superman para trabalhar com Neal Adams no estúdio Continuity Associates, que mais tarde se tornaria a Continuity Comics.
Apesar disso, continuou fazendo desenho e arte-final para as revistas da DC Comics. É desse período sua longa colaboração com Neal Adams, como arte-finalista na revista Batman, na ótima saga de Ra's Al Ghul; e na aclamada série Green Lantern/Green Arrow.
Seu trabalho como arte-finalista lhe rendeu o prêmio Shazam na categoria melhor arte-finalista (categoria dramática) nos anos de 1970, 1971, 1973 e 1974. Alguns artistas que foram fortemente inspirados pelo trabalho com nanquim de Dick Giordano são Terry Austin, Bob Layton, Klaus Janson, Steve Mitchell, Joe Rubinstein e Mike DeCarlo.
Mas o trabalho de Giordano não se restringia apenas à arte-final. Como desenhista, ilustrou dezenas de histórias para as grandes editoras, mas principalmente para a DC Comics, em títulos como Batman, Wonder Woman, Action Comics, Superman, Black Canary, Detective Comics, Flash, entre outros.
Para a Marvel, Giordano desenhou histórias dos Filhos do Tigre, em Deadly Hands of Kung Fu; e Dracula Lives.
Ele fez a arte-final dos primeiros crossovers entre a DC e a Marvel Comics. Em 1976, arte-finalizou Ross Andru em Superman vs. the Amazing Spider-Man, e em 1978, passou o nanquim sobre o lápis de seu amigo Neal Adams, na revista Superman vs. Muhammad Ali.
Em 1980, Jenette Kahn, que na época era a publisher da DC, trouxe Giordano de volta como editor das revistas do Batman. Em 1981, o autor foi nomeado gerente editorial. E dois anos depois foi promovido a vice-presidente e editor executivo, cargo que ocupou até 1993.
Nessa época, Giordano foi uma das peças fundamentais na transformação da editora, trabalhando na modernização de personagens como Superman (também foi arte-finalista de John Byrne nos títulos Action Comics e Man of Steel), Batman, Mulher-Maravilha, Flash, Lanterna Verde, Liga da Justiça da América e os Novos Titãs.
Outro exemplo da influência de Giordano nesse período está no fato de que ele foi um dos editores (junto com Dennis O'Neil) de O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller.
Além disso, foi o arte-finalista de George Pérez na série Crise nas Infinitas Terras, de 1986, um trabalho hercúleo devido ao enorme número de personagens envolvidos.
Giordano e Karen Berger ainda visitaram a Inglaterra em busca de novos talentos e dentre os recrutados estavam Alan Moore, Neil Gaiman e Dave McKean. Os dois últimos postaram no Twitter, por ocasião da notícia do falecimento, que Giordano foi o responsável pela publicação do primeiro trabalho deles na DC Comics: Violent Cases.
Não é exagero dizer que Giordano foi um dos responsáveis pelo surgimento do selo Vertigo.
Outra marca deixada por ele nas revistas da DC da década de 1980 foi a coluna mensal Meanwhile... .
Em 1993, Dick Giordano deixou a DC Comics mais uma vez, e diminuiu bastante o seu ritmo de trabalho. Esta decisão foi resultado de uma tragédia pessoal: a morte da esposa Marie Trapani (irmã do artista Sal Trapani), em 1993, vítima de um câncer no estômago.
Além disso, Giordano já estava sofrendo com uma perda significativa da audição.
Em 1994, ele ilustrou uma graphic novel de Modesty Blaise, escrita por Peter O'Donnell.
Bob Layton e David Michelinie (que trabalharam juntos numa longa fase da revista Homem de Ferro) se juntaram a Dick Giordano para fundar a Future Comics, entre 2001 e 2002.
O primeiro título, Freemind, foi escrito por Michelinie, ilustrado por Layton e arte-finalizado por Giordano. Infelizmente, a editora não teve vida longa e fechou as portas em 2004.
Os leitores europeus e australianos do Fantasma foram agraciados nesta década, com histórias do "Espírito que anda" ilustradas por Giordano.
Apesar de todas estas atividades, Giordano ainda encontrou tempo para participar do conselho do A Commitment To Our Roots (ACTOR), entidade dedicada ao suporte de autores de quadrinhos em necessidade, que em 2006 se transformou na Hero Initiative.
A Impact Books (F+W Publications Inc.) publicou em 2005 um livro no qual Giordano ensina a desenhar, Drawing Comics with Dick Giordano, com seus métodos e técnicas que ele usava nos quadrinhos.
Jim Lee, um dos atuais chefões da DC Comics, disse que "quando estava tentando entrar no mercado de quadrinhos, em 1986, recebi várias cartas de editoras, recusando meus trabalhos, com texto padrão. Uma dessas, muito polida, foi assinada por Giordano, que incluiu uma mensagem pessoal à caneta, para que eu continuasse me esforçando".
"Ele foi uma inspiração quando entrei para a DC Comics. Era um inovador e um dos grandes artistas da indústria", disse Dan Didio.
A atual presidente da DC Entertainment, Diane Nelson, declarou que Dick Giordano deixou um grande e duradouro legado como artista e como editor. "Eu me juntei a essa indústria reconhecendo sua tremenda contribuição", disse Nelson, que estendeu seus votos de condolências à família e aos amigos.
Por Sergio Codespoti
Universo HQ

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